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A razão sem a fé leva à loucura científica. A fé sem a razão leva à loucura religiosa. A civilização ocidental atravessou dois grandes períodos em que o homem não pôde desenvolver plenamente o conhecimento por ter suprimido algum aspecto fundamental: na Inquisição foi sufocada a razão e no período subseqüente, a fé. O Espiritismo, sendo um processo aberto, alia razão e fé para uma compreensão maior da vida.

O interessante é que após 600 anos do final da Inquisição, nossa sociedade ainda traz resquícios de comportamentos oriundos dessa fase histórica. Muitos, aterrorizados pela possibilidade de serem “queimados vivos”, aguardam passivos a chegada de um salvador e não assumem a responsabilidade pelo seu progresso moral.

Depois houve meio milênio de ascensão científica que separou o homem ocidental de sua fé. O método científico nasceu como um messias vindo para atender às súplicas de quem se estarrecia diante das atrocidades cometidas em nome de Deus. Mas a ânsia pelo resgate da lógica empurrou o pêndulo ao outro extremo. A especialização debruçou-se sobre si a ponto de perder a conexão com seus propósitos. Não se pode negar o benefício que a Ciência trouxe para a humanidade, inclusive mostrando a incoerência da fé dissociada da razão e do censo crítico. Contudo, a Ciência sem a fé tornou o homem insensível, um estranho em seu próprio meio, explorador impiedoso da natureza, um prepotente que achou que poderia brincar de deus.

Se por um lado a fé cega escraviza pelo medo, a ciência cega escraviza pela falta de propósitos que nos façam transcender os objetivos ilusórios da matéria. É preciso uma base de conhecimentos que permita ao ser humano exercer o seu papel consciente de agente social, com senso crítico e experimentação científica, mas sem perder o contato com sua essência espiritual.

Nas últimas décadas, o pensamento ocidental direcionou seus holofotes para as tradições milenares do Oriente e encontrou uma fonte inesgotável de conhecimentos, muitos já comprovados pela própria Ciência. Culturas indígenas vêm sendo estudadas pela sabedoria que sustentam, e a ancestralidade começa a ter seu valor reconhecido.

Não se trata de descaracterizar o método científico nem de limitar o alcance religioso, mas de criar uma simbiose que permita transcender os limites de ambos, ampliando o campo das hipóteses e criando uma prática religiosa sem dogmas ou crendices.

Com a proposta do autoconhecimento fundamentado em Ciência, Filosofia e Religião, o Espiritismo traz uma roupagem racionalmente necessária para a fé, e se apresenta como uma alternativa viável para uma compreensão ampla da vida e do papel do ser humano na Terra.

Científico, desde suas origens no século 19, o Espiritismo mostra-se como uma religião aberta ao questionamento permanente, flexível às evidências dos fatos e profundo na transcendência do psico-bio-dinâmico, orientando caminhos à essência do espírito que é o ator e o portador da cultura.

Publicado na revista Universo Espírita – julho / 2005

O autor (phr@pm21.com.br) reside em Curitiba. Engenheiro civil, trabalha com meio ambiente. É coordenador de grupo de estudos mediúnicos da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas. Publicou, em 2004, o livro Artesão do Meu Futuro, editado pela PM21 Soluções em Projetos.

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